No dia 23 de agosto de 2017, os angolanos foram as urnas afim de eleger um novo presidente que promova a estabilidade num país que sofre de pobreza, desemprego, falta de infraestrutura, entre outros problemas econômicos e sociais. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que governa há 4 décadas, obteve a maioria dos votos com 61,07%, e João Lourenço assumiu o cargo de presidência de seu antecessor José Eduardo dos Santos, que estava no poder desde 1979.
O novo governo tem diversos desafios de curto e longo prazos. No curto prazo a expectativa é que o governo reverta o quadro de desaceleração econômica do país que, desde 2014, foi atingido pela queda dos preços do petróleo, produto de maior importância no setor econômico do país e responsável por 95% das exportações.
De acordo com analistas do mercado, o preço do barril de petróleo ficará por volta de U$ 50 pelo menos até 2021. Tendo em vista a importância deste commodity para a Angola, o governo deve ser capaz de incentivar o crescimento econômico em outros setores, além de tornar o ambiente angolano um lugar mais propício para investimentos estrangeiros.
O novo presidente João Lourenço afirmou que seu plano é criar um bom ambiente de negócios, fazendo as alterações na política de vistos para facilitar a entrada de investidores. O presidente eleito anunciou, também, que serão “criados incentivos à agroindústria em Angola, para potenciar as vastas terras aráveis e água disponíveis”. Além disso, assumiu que haverá um maior incentivo nas indústrias de transformação e extração, pesca e turismo, a fim de diversificar os setores da economia e resolver o problema do desemprego.
Neste sentido, a expectativa é que o governo implemente medidas de combate à inflação, estabilidade da moeda e aumento do poder de compra da população. Em 2015, a inflação estava era de 10,28% passando para 34,74% em 2016. Outro desafio para o Governo é formas de estimular o emprego e diminuir a taxa de desemprego, que atinge 24% da população acima de 15 anos de idade.
Sobre o resultado das eleições, os partidos de oposição contestam os resultados. A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que obteve 26,72%, e a Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), que obteve 9,49%, alegam que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não respeitou as leis angolanas que garantem transparência no processo de apuramento dos votos. Os partidos opositores, por não aceitarem tais resultados, estão fazendo contagens próprias, e a UNITA já declarou que está a frente em várias províncias do país após ter contado mais da metade dos votos. A CASA-CE disse que sua contagem será apresentada ao povo angolano brevemente.
Resultados eleitorais – Angola 2017
Partidos | % Votos | Deputados Eleitos |
MPLA | 61,07 | 150 |
UNITA | 26,72% | 51 |
CASA-CE | 9,49% | 16 |
PRS | 1,33% | 2 |
FNLA | 0,91% | 1 |
APN | 0,50% | – |
Fonte: Comissão Nacional Eleitoral (CNE), 07 de Setembro de 2017.
Por fim, vale ressaltar que o não reconhecimento da apuração da CNE pelos partidos da oposição deve levar dias para receber uma solução. Enfrentar um impasse político no país, levando em consideração sua grave situação econômica, é algo que ampliam as indefinições políticas no país e torna os angolanos ainda mais receosos sobre a capacidade do governo de implementar as mudanças necessárias para garantir o prometido ciclo de desenvolvimento.