Como a recente alta no Ibovespa influencia os investidores?

No dia 11/09/2017 a bolsa brasileira Bovespa atingiu a pontuação de 74.319, superando a do dia 20/05/2008 de 73.516. A recente alta na bolsa pode ser justificada por vários acontecimentos entre eles: o sucesso da equipe econômica de Michel Temer reduzindo a taxa de juros Selic para 7,5% e o controle da inflação. Tais medidas e resultados transmitiram mais segurança do que a equipe anterior e combinadas com redução da taxa de juros americana pelo Federal Reserve; a valorização do minério de ferro e do petróleo que fez com que ações da Vale e Petrobrás, que juntas constituem 16,54% da bolsa, valorizassem a bolsa ao extremo nas últimas semanas. Apesar de todos esses fatores favoráveis para a bolsa, deve-se tomar cuidado ao comparar a alta de 2008 e a alta de 2017, dado que se tratam de situações diferentes principalmente quando se refere a situação dos investidores, câmbio, liquidez e estabilidade política.

                                                                                                                                           Fonte: Economática

No período da alta anterior no ano de 2008, a taxa de câmbio encontrava-se em uma faixa de o R$1,60, enquanto hoje está situada na faixa dos R$3,10. A moeda americana continua sendo determinante para a tomada de decisões para investimentos pois muitos investidores encaram a bolsa como um investimento de curto prazo, e isso exige uma maior liquidez no sistema. Quedas do dólar são constantemente interrompidas por notícias que anunciam uma queda da liquidez das ações o que acarreta em um comportamento mais conservador por parte dos investidores. Atualmente com as taxas de juros menores nos EUA, há um cenário externo favorável, devido à elevação na liquidez internacional, assim atraindo um maior fluxo de capital estrangeiro ao país, graças a um maior apetite de risco por parte dos investidores externos. Por outro lado, o risco-país ainda preocupa os investidores externos. Vale a pena ressaltar que no período de alta no ano de 2008 o Brasil acabara de ganhar a classificação de grau de investimento por agências de rating como a Fitch Ratings, e hoje o país se encontra abaixo da classificação de grau de investimento por todas as agências de rating relevantes. Há um grande debate que questiona a resposta dos investidores externos e internos em relação às políticas da equipe econômica de Michel Temer e à classificação de agências de rating. Até que ponto as agências de rating impactam investidores indiretos e até que ponto as políticas econômicas de Michel Temer influenciam um investidor?

A análise mais sensata é de que o investidor interno é muito mais sensível às ações do Ministério da Fazenda, uma vez que a maior parte das medidas e resultados como, redução na taxa de juros e controle inflacionário acabam não atingindo investidores externos indiretos, enquanto investidores externos confiam mais nas agências de rating e são mais dependentes do valor do dólar, porém o Brasil se encontra em uma situação mais crítica. A instabilidade política no Brasil é de conhecimento dos grandes investidores externos, que não precisam das agências de rating para saber da crise política e econômica no país que teve grande repercussão internacionalmente. Será necessário reestabelecer a confiança que os investidores externos tinham no ano de 2008, mesmo após uma suposta classificação de grau de investimento futura ainda com a recente pontuação surpreendente, fazendo com que investidores externos demorem mais do que o usual para investir no país. Lembrando que o Ibovespa é extremamente dependente de investidores externos como indica o seguinte gráfico:

 

                      Fonte: BM&FBOVESPA

O investidor interno que acompanha a recuperação econômica de perto e a sente no seu dia-a-dia se sente mais motivado para investir na bolsa, não somente devido à valorização dos seus ativos, mas pelo que essa valorização pode significar no futuro. É indiscutível que uma melhora econômica no país faça com que o presidente Michel Temer tenha mais forças para a continuação da sua agenda política, esta qual inclui reformas desejadas pelos investidores como a da previdência. A alta também pode proporcionar o retorno e iniciação de algumas pessoas físicas aos investimentos no Ibovespa.

Beatriz Amaral

Beatriz Amaral Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Luísa Lotto

Luísa Lotto Analista Júnior Bacharelanda em Relações Internacionais

Caio Nielsen

Caio Nielsen Analista Júnior Bacharelando em Relações Internacionais